Prefeitura reconhece que estrutura de acolhimento para população de rua é insuficiente

Prefeitura reconhece que estrutura de acolhimento para população de rua é insuficiente

Foto: Mateus Ferreira

Para ajudar os 391 moradores de Santa Maria que vivem em situação de rua, conforme dados da Secretaria de Desenvolvimento Social, existe o trabalho de acolhimento nas casas de passagem e o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). Atualmente, Santa Maria conta com três abrigos, que, juntos, oferecem 60 vagas – duas destinadas a homens e uma exclusiva para mulheres. A prefeitura reconhece que essa estrutura é insuficiente.


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– Até o ano passado, tínhamos 80 vagas, mas perdemos 20 no último semestre. Já solicitamos um aditivo para recuperá-las, mas a situação financeira do município tem dificultado a ampliação do serviço – afirma o secretário de Desenvolvimento Social, Juliano Soares.


Outro entrave é a resistência de parte da população em situação de rua a aceitar acolhimento.


– Muitos não querem ir para as casas de passagem por conta das regras que precisam seguir lá dentro. Preferem ficar nas ruas, o que torna o trabalho de reintegração ainda mais desafiador – explica o secretário.


Coordenador do projeto Café da Tarde Social e integrante do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Municipal Para a População em Situação de Rua de Santa Maria (Comitê Pop Rua), Reinaldo dos Santos contesta o argumento quanto à resistência dessa população.

 
– As duas casas de passagem do município que possuem poucas vagas para a grande demanda existente e, como se isso não bastasse, começaram, desde 2022, a guardar vagas para “migrantes” empobrecidos que vêm de outros países para a cidade. Basta contarmos nas ruas da cidade as vagas existentes ante o contingente crescente de sem tetos depauperados em nossas ruas para concluirmos que é um discurso de incompetência e inércia desconstruído por uma realidade que salta aos olhos dos santa-marienses – afirma ele.

 
A exemplo de Santos, a coordenadora do programa “UFSM nas ruas” discorda quanto à resistência dos moradores em viver em abrigos, que, segundo ela, “é um argumento recorrente do poder público em diversos pontos do país e que se difunde na sociedade”. E questiona se os gestores dessa área já tentaram ouvir o que essa população pensa sobre os motivos que levam a essa resistência.


– Essa é uma questão complexa e multifacetada, a resistência em ir para as casas de passagem e abrigamento não é simples desinteresse ou teimosia. Na maioria das vezes, está ligada a experiencias anteriores desagradáveis. Nesses lugares, as regras são rígidas, não são negociadas e nem mesmo explicadas. Essas restrições geralmente impedem manter pertences, animais de estimação e estar com o parceiro. Para quem vive nas ruas, isso pode ser difícil de aceitar – avalia a pesquisadora.


Outra questão observada pela professora é quanto à "diversidade dos perfis" da população de rua.


- Tem pessoas com transtornos mentais graves, dependência química, casais, famílias inteiras, pessoas LGBTQIA+ que, muitas vezes, sentem-se inseguros os desrespeitados nesses lugares. Em Santa Maria, já existe casas que abrigam pessoas LGBTQIA+ e, recentemente, as casas foram separadas por gênero, deixando a população feminina em situação mais confortável _ acrescenta Amara.


Por outro lado, o número de vagas diminuiu nas casas mistas, já que foram divididas para a população masculina e feminina. E, como aumentou, frisa a coordenadora, o número de pessoas em situação de rua e os moradores são em sua maioria são do sexto masculina, "a conta não fecha", já que diminuiu o número de vagas.


Apoio e suporte em Santa Maria

Confira os serviços de assistência e casas de passagem:

Creas 

  • Endereço – Rua Doutor Astrogildo de Azevedo, 23, Bairro Centro
  • Telefones – (55) 3921-7282 e 3921-7279
  • WhatsApp – (55) 99129-9183 (apenas para o envio de mensagens com atendimento das 8h às 16h)
  • E-mail – [email protected]


Casa de Passagem Mundo Novo – unidade masculina

  • Endereço: Rua Nelson Durand, 390
  • Bairro: Nossa Senhora das Dores
  • Telefone: (55) 3211-2659


Casa de Passagem Mundo Novo – unidade feminina

  • Endereço: Rua Silva Jardim, 1.397
  • Bairro: Nossa Senhora do Rosário
  • Telefone: (55) 3347-4849


Casa de Passagem Maria Madalena

  • Endereço: Rua Ernesto Becker, 224
  • Bairro: Nossa Senhora do Rosário
  • Telefone: (55) 99608-4625

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